quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Um humilde conselho aos pregadores

     Por: Saulo Nogueira

     Nesses anos de caminhada com Cristo, tenho tido o privilégio de aprender muitas coisas com o mestre. E uma delas é em relação à pregação da Palavra. Eu, como Bacharel em Teologia e professor, dedico grande parte do meu tempo em leituras de Livros apologéticos, história, comentários Bíblicos e, principalmente da Bíblia. Uma boa formação e base teológica é imprescindível para que você consiga entender o contexto histórico, fazer uma boa exegese bíblica e transmitir a mensagem preservando a intenção do autor e do livro. Muitas distorções doutrinárias poderiam ser evitadas simplesmente observando regras básicas de hermenêutica. Porém, aprendi que esse conhecimento é muito importante para que você, como o pregador e professor, compreenda e repasse a informação de forma correta, mas não deve ser exaustivamente explorado na hora da pregação da Palavra. Como assim?

     Você buscar um aprofundamento teológico para tirar o máximo do texto bíblico é muito importante, porém na hora de expor a mensagem, temos que ter o cuidado em filtrar toda essa informação teológica e transmitir a Palavra de Deus de uma maneira mais clara e simples possível, que comunique a Verdade de uma forma inteligível para o as pessoas leigas. A grande maioria das pessoas não está interessada em Argumentos cosmológicos e Ontológicos, sobre Patrística, Concílios Universais, supra ou infra-lapsarianismo, etc. Isso é muito interessante para ser debatidos em estudos acadêmicos, Escola bíblica, e em sites de apologética, como o logos apologética hoje. Mas não são assuntos essenciais para o conhecimento para a Salvação. São assuntos secundários que geram divergências até entre os mais ortodoxos. E alguns pregadores, talvez por falta de bom senso, ou por pura prepotência teológica, tem cavado tão profundo em suas mensagens, que tendem a enlamear as águas e deixar uma mensagem que deveria ser clara, lamacenta e de difícil compreensão. As pessoas comuns querem aprender sobre Salvação, como obedecer a Palavra, receber o perdão e cura espiritual, como ser cheio do Espírito Santo e viver na Plenitude e na Graça de Deus. Devemos usar o púlpito para falar de maneira simples e objetiva, sobre o propósito da morte redentora de Jesus, Seu Plano de Salvação, sobre arrependimento, perdão, gratidão e frutos do espírito.

       Não quero dizer com isso, que nós pregadores devemos trazer uma mensagem “rala” e sem conteúdo. Muito pelo contrário. Ela deve ser profunda nos aspectos importantes para o crescimento do salvo e sua edificação. Os maduros na fé devem receber um alimento mais sólido, mas isso não significa, mais teologia em si, mas um discipulado que o faça crescer no conhecimento e na Graça do Nosso Senhor Jesus Cristo. Porém, não descarto aqui, alguns assuntos que apesar de também serem profundos, devem ser pregados e ensinados, pois sem o entendimento deles o cristão fica com um conhecimento deficiente sobre Deus. A Trindade, a divindade de Jesus Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo são um excelente exemplo. São doutrinas indispensáveis para a Salvação do crente e para o pleno conhecimento do Senhor.
“Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal. ” (Hebreus 5:13,14)
     A maturidade cristã não se refere a ter o maior conhecimento teológico. Mas sim aqueles que tem uma conduta cristã exemplar e são irrepreensíveis. São aqueles que não se deixam levar pelas dissimulações dos outros, mas que são marcas da sua caminhado com Cristo, a mansidão, longanimidade, benignidade, temperança e acima de tudo, o amor. Cristãos maduros obedecem a Palavra de Deus, amam o seu semelhante, praticam boas obras e acima de tudo, buscam o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar. São constantes em todos os seus caminhos, tem uma linguagem sã e irrepreensível e fogem da aparência do mal. São discípulos e não seguidores. São ovelhas e não bodes. São filhos e não somente criaturas.

    Deixo esse pequeno texto à todos aqueles que amam pregar a Palavra de Deus. Preguem à todo tempo, com coerência, simplicidade e acima de tudo, por amor às almas. Pois é esse amor e compaixão pelos perdidos que fará com que sua mensagem seja profunda o suficiente para libertar aqueles que estão ainda presos aos grilhões do pecado. Termino esse humilde texto com uma frase do grande homem de Deus George Müller:
"Nem a eloquência, nem a profundidade de pensamento faz um verdadeiro grande pregador. Somente uma vida de oração e meditação fará dele um vaso pronto para o uso do Mestre e próprio para ser empregado na conversão de pecadores e na edificação dos santos"
Paz do Senhor. 

Prof. Saulo Nogueira.

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